Memória FNT


O Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga nasceu, em 1993, como resultado de uma tendência natural da população local para as artes cênicas, manifestada desde o início do século passado. Juntou-se a isso a ideia de se criar um projeto cultural de desenvolvimento social e econômico para o município e como um vetor de fortalecimento para o teatro nordestino.

No começo do século passado, quando os nordestinos do Ceará valiam-se da serra para se refugiarem da seca e descobriam no café uma grande fonte de riqueza e crescimento econômico, em Guaramiranga o teatro era o "programa cultural" que animava comunidades ou entretinha veranistas. Havia as tradicionais "noitadas" de Dramas, que marcavam o encerramento da colheita do café, da novena de São Francisco de Assis ou da festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição. 

Era tradição também o Teatro de Revistas voltado para o entretenimento dos veranistas que, fugindo da estiagem sertaneja, passavam longos períodos em suas fazendas de café na serra. Estes espetáculos eram organizados por pessoas da família Queiroz e traziam em papéis secundários a então menina Rachel de Queiroz. 



Com a decadência da produção de café e o êxodo de seus produtores para a capital, o teatro perdeu sua função de entreter veranistas e passou a ser o principal programa de animação comunitária de Guaramiranga. Por muitas décadas, os Dramas fizeram-se história pelas mãos de Dona Somária, Dona Zetinha, Dona Zilda e Dona Edneusa, que mereceram memoráveis noites de aplausos pelos espetáculos que ensaiaram e realizaram. Do movimento que fortaleceu os dramas, originou-se o primeiro grupo de teatro de Guaramiranga, o Grupo Cangalha, que iniciou um novo ciclo de vivência cultural: o ciclo de "ir ao teatro". Utilizando-se de uma linguagem meso-circense, montando peças de Martins Pena, Molliére e de sua própria autoria, o Cangalha - talvez, sem saber - experimentou o teatro de rua, o teatro do absurdo, o teatro de revista e, sobretudo, o teatro social, fazendo-se, por anos, a mais conhecida e aplaudida expressão artística da cidade. 


Então, as escolas, que costumam seguir os melhores exemplos, incluíram em suas festas e comemorações a prática teatral; as pastorais da Paróquia adotaram o teatro em seus trabalhos comunitários; os grupos de jovens escolheram o teatro como forma de comunicação nos intercâmbios que faziam com outros municípios; as autoridades pediam teatro para iniciarem, notavelmente, seus eventos e divulgarem suas ações político-administrativas. 

Assim, Guaramiranga conheceu o teatro e o escolheu para ser o objeto de sua maior festa: O FNT, idealizado pelo então Secretário da Cultura do Município, Dr. Humberto Cunha, merecendo o apoio do prefeito da época, Dráulio Holanda. Todo o processo iniciado por Humberto Cunha passou, imediatamente, a ser responsabilidade da comunidade do município que, pelo trabalho da Prefeitura Municipal e da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA), conquistou a parceria da Secretaria da Cultura do Estado - SECULT e garantiu o crescimento do FNT como um projeto cultural importante para Guaramiranga, para o Ceará e para o Nordeste. 

Por ser um evento sem fins lucrativos o FNT procura ocupar todos os espaços possíveis na cidade dando oportunidade para que um grande número de pessoas usufrua desse rico momento cultural, levados aos palcos por grupos atuantes locais, regionais e nacionais. Gerando um rico panorama das artes cênicas.